Universidade Federal da Fronteira Sul desenvolve Programa de produção de etanol a partir de sementes de seringueira, movimentando R$ 200 milhões por ano, com foco em Propriedade Intelectual e desenvolvimento de florestas para reduzir problemas de acidificação na produção de biocombustíveis.
A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), instituição vinculada ao Ministério da Educação (MEC), conquistou um importante reconhecimento ao vencer a edição 2024 do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), do governo do Paraná. A instituição foi premiada por seu trabalho inovador em uma pesquisa que visa tornar viável a produção de etanol a partir das sementes de seringueira, um recurso renovável e sustentável.
A pesquisa da UFFS é um exemplo de como a ciência pode contribuir para o desenvolvimento de energia limpa e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A produção de etanol a partir de sementes de seringueira pode ser uma alternativa promissora para a geração de combustível renovável e sustentável. Além disso, a utilização de álcool como fonte de energia pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e contribuir para um futuro mais sustentável. A inovação é a chave para um futuro mais verde.
Uso Sustentável de Sementes de Seringueira
As sementes de seringueira, tradicionalmente descartadas como resíduo no processo industrial de extração de látex, agora têm um novo destino. A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) desenvolveram um projeto inovador que visa transformar essas sementes em etanol, uma energia limpa e renovável. A ideia surgiu de uma demanda de uma empresa de desenvolvimento de florestas produtivas, que buscava uma solução ambientalmente adequada para os resíduos gerados pelas florestas de seringueiras.
As sementes dessas árvores são consideradas um resíduo florestal e causam problemas de acidificação do solo. No entanto, com a tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores, é possível produzir etanol a partir dessas sementes, agregando valor a um material que antes não tinha destino comercial. Segundo Letiere Soares, professor da UFFS, ‘a nossa solução envolve utilizar a semente de seringueira para a produção de etanol, que hoje é considerado uma energia limpa. Com isso, conseguimos uma destinação para a semente e agregamos valor a ela’.
Produção de Etanol e Impacto Econômico
O estado de São Paulo é um dos maiores produtores de seringueiras no país, com uma área de 200 mil hectares. Anualmente, cada hectare acumula cerca de mil quilos de sementes. Com base na tecnologia desenvolvida, a partir de 3,91 quilos de semente, é possível produzir 1 litro de etanol. Estima-se que a produção anual possa chegar a 51 mil metros cúbicos de etanol. Além disso, o valor praticado em 2024 sugere que o etanol de seringueira pode movimentar mais de R$ 210 milhões por ano.
O projeto vencedor recebeu um aporte financeiro de R$ 200 mil, que serão destinados a aumentar a escala de produção do etanol em parceria com uma empresa do ramo de combustíveis no município de Guarapuava (PR). Parte dos recursos também será aplicada no custeio de bolsas de pesquisa e na aquisição de equipamentos e insumos para os projetos.
Desenvolvimento de Projetos e Parcerias
As pesquisas para o aproveitamento das sementes das seringueiras se iniciaram em 2019, a partir de acordo de cooperação. As sementes têm sido alvo de outros 13 projetos de pesquisa e envolvem a produção de biocombustíveis, como também aplicações ambientais, cosméticas e alimentícias. Os resultados já renderam três depósitos de patentes nacionais e um depósito internacional. O grupo de pesquisa ainda recebeu outras duas premiações, uma da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor) e outra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
O projeto de produção de etanol foi desenvolvido pelos professores da UFFS Letiere Soares, Dalila Benvegnú e Fernanda Lima; pelo professor da Unicentro André Gallina; pelo estudante de pós-graduação em Bioenergia da Unicentro Giovano Tochetto; e pelos estudantes da UFFS Gabriel Rohling (Química) e Katharine Braz (Ciências Biológicas).
Fonte: © MEC GOV.br
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