Juro alto no Brasil atrai estrangeiros, mas PIB forte e margem de tolerância são essenciais. Déficit primário e estímulo fiscal preocupam gestores de multimercados, que buscam taxa de renda fixa local.
O ano de 2024 promete ser um período de crescimento econômico significativo, com a economia projetada para crescer mais de 3% e a inflação ultrapassando 4%. Além disso, a receita da União já apresenta um aumento de quase 9% acima da inflação, enquanto a despesa pública avança 9,5%. Esses dados, embora parciais, indicam uma tendência clara, especialmente em relação aos gastos. No entanto, o investidor ainda permanece cético em relação à capacidade do governo de estabilizar a dívida pública.
Diante desse cenário, o investidor deve estar atento às oportunidades de investimento que surgirão em 2024. Os investidores experientes sabem que, em momentos de crescimento econômico, é fundamental ter uma estratégia de investimento sólida e diversificada. Um gestor de investimentos habilidoso pode ajudar a navegar pelas complexidades do mercado e identificar as melhores oportunidades de investimento. A chave para o sucesso é a diversificação. Com uma abordagem cuidadosa e informada, os investidores podem aproveitar ao máximo o crescimento econômico projetado para 2024.
O Investidor e o Cenário Econômico Atual
Com a utilização da margem de tolerância para o déficit primário previsto no arcabouço fiscal, o risco de mudança da meta é temporariamente afastado. No entanto, esse risco voltará a ser uma preocupação em 2025. Por enquanto, o governo ganha tempo para ampliar suas fontes de receita, enquanto o Banco Central controla os efeitos da atividade sobre a inflação com a taxa Selic, que também é alta e em ascensão, influenciando toda a estrutura de juro no país. O crédito pode ser prejudicado por uma maior inadimplência. Para investidores mais experientes, no entanto, essa situação é um ‘bilhete premiado’.
O alto e crescente juro, combinado com o diferencial entre a taxa local e a norte-americana, é um fator atraente, mas não é um milagre. Embora o descompasso favoreça o Brasil, não garante uma grande entrada de capital estrangeiro no país.
A Visão do Investidor e a Renda Fixa
O descompasso entre o juro doméstico e externo é uma condição atraente para o investidor retornar ao Brasil, mas não é suficiente, alerta Daniel Campanini, gestor e responsável pela área de fundos multimercados da Western Asset Brasil, que administra cerca de R$ 40 bilhões no país junto a 130 mil cotistas. Em entrevista ao NeoFeed, o gestor local da Western, especialista em renda fixa e uma das principais gestoras globais independentes com quase US$ 400 bilhões sob administração, lembra que a participação de estrangeiros na dívida pública brasileira é baixa, em comparação com os patamares históricos.
A fatia dos estrangeiros na dívida mobiliária caiu para um dígito em 2020 e atingiu 9,8% em julho deste ano, segundo o Tesouro. Isso está distante dos 20% em 2014 e 19% em 2015. A perda observada nos anos seguintes, em que o Brasil enfrentou as consequências da recessão histórica de 2015 e 2016, não foi recuperada. A queda na participação de estrangeiros também se aplica à bolsa de valores.
O Investidor e o Ambiente Econômico Global
Enquanto durou a expectativa de ação agressiva do Fed em cortes de juro por melhora da inflação no segundo semestre de 2023, a B3 registrou entradas. Com a reversão de expectativas quanto à ação do Fed, que só reduziu sua taxa em setembro deste ano, o fluxo virou, observa Campanini. No entanto, o cenário também foi prejudicado pelo ambiente doméstico tumultuado pelo ruído fiscal e a desancoragem das expectativas inflacionárias.
A questão fiscal não é privilégio do Brasil. Em 2022, a B3 atraiu R$ 100 bilhões de capital estrangeiro para ações listadas. Em 2023, foram cerca de R$ 45 bilhões, com ingresso de quase R$ 39 bilhões em apenas dois meses. Já em 2024, a saída de estrangeiros chegou a superar R$ 43 bilhões até junho. Mais recentemente, a partir de julho, o fluxo melhorou, mas a perda de volume, no ano, ainda ronda R$ 26 bilhões.
Em conversa diária com gestores da Western – representada em todos os continentes – e investidores internacionais, Campanini relata que, lá fora, o entendimento é de que a queda do juro nos EUA favorece, sim, a migração para outros mercados. Contudo, afirma, o estrangeiro não olha só para o juro. ‘O contexto geral do país importa. O comportamento esperado para o câmbio também.’
Fonte: @ NEO FEED
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