Lessa revelou que estava com o ‘Doutor Piroca’ ao buscar locais para executar Marielle. Expressão piroca das ideias e relatório da PF indicam endereço estudado com afinco.
Rio de Janeiro, RJ (FOLHAPRESS) – Ronnie Lessa, ex-policial militar, revelou em seu depoimento que buscou por locais para executar o crime contra a vereadora Marielle Franco enquanto tomava uísque com o advogado André Luiz Fernandes Maia, também conhecido como Doutor Piroca. Esse encontro aconteceu apenas 48 horas antes das mortes que chocaram o país na noite de 14 de março de 2018.
O ex-policial militar Ronnie Lessa, envolvido no caso da execução de Marielle Franco, surpreendeu a todos ao confessar que pesquisou diferentes lugares para cometer o crime quando ainda estava bebendo com seu amigo advogado. Tal revelação trouxe à tona mais detalhes sobre a noite fatídica de 2018 e tem causado repercussão nas investigações em andamento.
Ronnie Lessa: A Obsessão por uma Alternativa Viável
De acordo com o relatório da Polícia Federal sobre o caso, Ronnie Lessa afirmou que, na ocasião, estava ‘obcecado em encontrar uma alternativa viável’ para a execução e, por isso, passou a estudar com afinco o endereço em que a vereadora morava, enquanto estava na companhia do advogado morto 29 dias depois do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.
A Delação de Élcio de Queiroz envolvendo o Ex-Policial Militar
Maia também é brevemente mencionado na delação de Élcio de Queiroz, ex-policial militar, outro suspeito de ter executado a vereadora. De acordo com colegas de profissão de André Luiz Fernandes Maia, o apelido ‘Doutor Piroca’ fazia referência à expressão ‘piroca das ideias’, no sentido de ‘doido’.
A reportagem apurou que, no meio profissional, ele era tido como ‘marrento’, se envolvia em brigas e tinha o costume de andar armado. Quando foi morto, em 12 de abril de 2018, respondia pelos crimes de ameaça e estelionato. Ele já tinha sido condenado, em julho de 2014, pelo crime de coação no curso do processo e cumpriu um ano de prisão em regime aberto.
A Investida no Bairro Dominado pela Milícia
A reportagem não localizou representantes de Maia. No dia de sua morte, ele saía de casa no Anil, bairro dominado pela milícia na zona oeste do Rio, quando foi abordado por dois homens armados que estavam numa moto. Os suspeitos atiraram à queima-roupa contra o advogado, atingindo a vítima no peito, e fugiram sem levar nada.
Nesse contexto, a Polícia Civil do Rio concluiu que o homicídio foi motivado por dívidas com a milícia, e o caso foi denunciado pelo Ministério Público.
A Delação Premiada de Ronnie Lessa
Ronnie Lessa, réu confesso, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e apontou outros três suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson, além da tentativa de matar a assessora Fernanda Chaves.
Na manhã deste domingo (24), a PF deflagrou a operação Murder Inc. e prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio. No despacho que autorizou a prisão, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afirma que a ‘divergência política em relação à regularização fundiária de condomínios da zona oeste do Rio’ está por trás das motivações do crime.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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