Taxa de mortalidade pela condição subiu 23% devido à baixa adesão à vacinação e atraso no diagnóstico. Números preocupantes exigem nova abordagem do Ministério da Educação.
O HPV é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero. Por isso, é essencial conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. Medidas simples, como a vacinação e a realização regular de exames ginecológicos, podem ajudar a reduzir a incidência do HPV e, consequentemente, do câncer cervical.
O papilomavírus é um vírus transmitido principalmente por via sexual e que está associado ao surgimento de lesões no colo do útero. O combate ao papilomavírus envolve não apenas a vacinação, mas também a educação sexual e o acesso facilitado a métodos de prevenção. É fundamental que as mulheres estejam atentas aos sinais do papilomavírus e procurem assistência médica sempre que necessário.
HPV: O Papilomavírus e sua relação com o câncer de colo de útero
Vale lembrar que o HPV é o terceiro tipo de câncer mais prevalente entre mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo Eduardo Cândido, membro da Comissão de Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero se desenvolvem a partir da infecção pelo papilomavírus (HPV), sendo que os subtipos 16 e 18 representam a maioria dos casos – no total, são 200 subtipos identificados. Ele afirma que cerca de 70% a 80% da população entra em contato com o HPV em algum momento da vida, principalmente por meio da atividade sexual.
Mortalidade pela condição: Taxa subiu 23% e os desafios pela conscientização
Embora a maioria das infecções pelo vírus seja resolvida pelo sistema imunológico, algumas persistem, o que pode resultar no desenvolvimento de lesões e, eventualmente, no câncer. Mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero se desenvolvem a partir da infecção pelo papilomavírus (HPV), sendo que os subtipos 16 e 18 são os principais culpados. Na avaliação de Angélica Nogueira, oncologista clínica e membro do Comitê de Lideranças Femininas da Sociedade Brasileira Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a dificuldade para reduzir tanto a prevalência quanto a mortalidade pela doença indica uma necessidade contínua de conscientização sobre a importância dos exames de rastreamento precoce, do uso de preservativos e da vacinação contra o HPV.
Tipos de câncer: Mulheres cis, homens trans e pessoas não-binárias
Ela explica que as lesões precursoras do HPV, que acometem o colo do útero, são consideradas pré-cancerígenas e não provocam sintomas, sendo visíveis apenas por meio do exame de papanicolau. Agora, quando os sintomas se tornam perceptíveis, como sangramentos, corrimentos com cheiro forte, dor durante a relação sexual e infecções recorrentes, significa que o problema já evoluiu para o câncer de colo de útero. No Brasil, a recomendação é de que, entre 25 e 64 anos, mulheres cis, homens trans e pessoas não-binárias designadas como mulheres ao nascer realizem o papanicolau a cada três anos.
Novas abordagens e a importância da vacina na prevenção do HPV
O uso de preservativos e a vacinação são consideradas as medidas essenciais para evitar o aparecimento do câncer de colo de útero. No Brasil, existem dois tipos de vacina disponíveis até o momento:Vacina quadrivalente: disponível no SUS, é indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos; homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia; pacientes com HIV/Aids, e vítimas de violência sexual.Vacina nonavalente: disponível na rede privada, é indicada a crianças e adultos de 9 a 45 anos. A vacina quadrivalente protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 de HPV, enquanto a nonavalente protege ainda contra os subtipos oncogênicos 31, 33, 45, 52 e 58.
Números preocupantes: Cobertura caiu e os desafios na prevenção
Considerando os subtipos 16 e 18, os mais relevantes quando se trata do câncer de colo de útero, o primeiro imunizante oferece 70% de eficácia na prevenção, enquanto o segundo apresenta uma proteção de até 90%. O problema é que, assim como acontece com as taxas de realização do exame de papanicolau, os índices vacinais contra o HPV também estão abaixo do ideal. Segundo dados do Ministério da Saúde, 87,08% das meninas brasileiras entre 9 e 14 anos de idade receberam a primeira dose da vacina em 2019. Em 2022, a cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, os números também são preocupantes: a cobertura vacinal caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022.
Papilomavírus: Outros tipos de câncer e a importância da imunização
Vale ressaltar que, além do câncer de colo de útero, o HPV pode causar outros tipos de câncer, como vaginal, anal, peniano e na orofaringe. Por esse motivo, a vacina também é indicada a homens cis, mulheres trans e pessoas não-binárias designadas como homens no nascimento. ‘Além disso, é uma forma de quebrar o ciclo de infecção. A partir do momento que você se vacina, também livra seu parceiro do vírus’, ressalta Cândido.
Ministério da Saúde: Nova abordagem e os desafios na cobertura vacinal
Considerando os desafios relacionados ao câncer de colo de útero, o Ministério da Saúde adotou, em março deste ano, uma nova abordagem no SUS para a detecção precoce do HPV. A nova tecnologia emprega testes moleculares para identificar o vírus, utilizando coleta de material genético (em algumas situações, diretamente do colo do útero). Além disso, a tecnologia possibilita a realização do teste a cada cinco anos, em contraste com a recomendação de rastreamento do HPV por meio do papanicolau a cada três anos. Na visão de Mônica, a testagem molecular pode ser considerada um exame de alta performance, pois o material genético é analisado por máquinas, minimizando a necessidade de intervenção humana.
Fonte: @ Estadão
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