Descoberta: Podas neurais insuficientes no cérebro com TDAH e Autismo; conectividade aumentada entre áreas do cérebro, impactando aprendizado e controle de comportamentos.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica comum em crianças e adolescentes, que também pode persistir na vida adulta. Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra com o TDAH, caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Estudos recentes têm apontado para a desregulação da atenção como um dos principais fatores que contribuem para o TDAH, afetando a capacidade de foco e concentração. A compreensão aprofundada desses mecanismos é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de tratamento e intervenção precoce para indivíduos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
Conectividade Aumentada e o TDAH
No estudo, pesquisadores do Institutos Nacionais da Saúde (NIH) atestaram que jovens com TDAH – condição do neurodesenvolvimento que afeta a formação do cérebro e do sistema nervoso central – têm uma conectividade aumentada entre partes do cérebro envolvidas no aprendizado, movimento, recompensa e emoção (núcleo caudado, putâmen e núcleo accumbens) e estruturas da área frontal envolvidas na atenção e controle de comportamentos indesejados (giros temporais superiores, ínsula, lobo parietal inferior e giros frontais inferiores).
Déficit ou Desregulação? De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), a prevalência mundial de número de casos de TDAH varia entre 5% e 8%. O quadro é caracterizado por sintomas que envolvem desatenção, hiperatividade e impulsividade em nível elevado, com prejuízos em diferentes âmbitos da vida, como as relações sociais e os desempenhos cognitivo, escolar e profissional.
Apesar do nome ‘déficit de atenção’, o TDAH, muitas vezes, se assemelha mais a uma ‘desregulação da atenção’. Com natural conectividade neural aumentada entre os centros de atenção e de recompensa, uma das maneiras como essa desregulação se manifesta é a partir do hiperfoco, quando uma pessoa com a condição se concentra intensamente em algo que acha interessante.
Continua após a publicidade Estudo abrangente Embora a neurociência, há muito tempo, suspeite que os sintomas do TDAH resultem de interações atípicas entre o córtex frontal e essas estruturas cerebrais profundas de processamento de informações, as pesquisas têm chegado a resultados mistos, possivelmente, devido ao porte limitado dos estudos, com apenas cerca de 100 participantes.
Neste caso, porém, o estudo envolveu a análise de 10.000 imagens cerebrais funcionais, sendo 1.696 de crianças com diagnóstico de TDAH e 6.737 indivíduos de controle não afetados.
Os resultados sugerem que os estudos menores podem não ter sido capazes de detectar de forma confiável as interações cerebrais que levam aos comportamentos complexos observados no TDAH como o da chamada poda neural, um dos processos-chave que ocorre nos cérebros em desenvolvimento, que poda ou descarta as conexões entre neurônios nas sinapses, fazendo com que se torne mais eficiente.
Conectividade Neural Aumentada e TDAH: Entenda o Contexto
A descoberta de conectividade aumentada entre regiões-chave no cérebro jovem com TDAH aponta ainda que há podas neurais insuficientes ocorrendo nesse processo, algo que também acontece em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Continua após a publicidade Tratamentos futuros Segundo os cientistas, as descobertas ajudam a aprofundar a compreensão atual dos processos cerebrais que contribuem para os sintomas de TDAH, com informações que podem orientar pesquisas clinicamente relevantes. No entanto, os pesquisadores destacaram que ainda há muito a aprender sobre essas conexões cerebrais relacionadas à condição.
A conectividade cerebral muda ao longo do tempo no TDAH? Como os padrões de conectividade cerebral se relacionam com a genética do TDAH ou com os resultados do tratamento? Segundo os cientistas, são necessárias mais pesquisas, embora descobertas como essas possam ser traduzidas em tratamentos eficazes. A boa notícia é que os avanços parecem ser bastante promissores.
Fonte: @ Veja Abril
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