Desequilíbrios na China pressionam commodities, apesar de indicadores econômicos superarem expectativas. Riscos fiscais e pressão sobre preços ao consumidor afetam crescimento anual.
O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (18) com um desempenho positivo, impulsionado pela percepção de riscos fiscais e pressão de commodities, como o petróleo. Esse cenário contribuiu para o aumento da demanda pela moeda americana.
Com isso, o dólar subiu 0,68%, atingindo o valor de R$ 5,698. Esse é o maior nível em mais de dois meses e meio, desde o dia 5 de agosto, quando a moeda fechou a R$ 5,741. A valorização do dólar em relação ao real é um reflexo da instabilidade econômica. A moeda americana continua sendo uma opção segura para os investidores.
Variação da Moeda Brasileira em Relação ao Dólar
Na semana, a moeda brasileira apresentou um avanço de 1,49%, enquanto o dólar americano caía 0,31% em relação às moedas pares. No entanto, o dólar subia 0,29% contra o peso mexicano e caía 0,40% contra o rand sul-africano, moedas consideradas semelhantes ao real. Já contra a lira turca, o dólar subia 0,30%.
O que dificultou a melhora do real, mesmo com boas notícias vindas da China, é o fato de as commodities que beneficiam a moeda brasileira continuarem pressionadas. O preço do petróleo segue caindo forte, e registrou a maior queda semanal em mais de um ano. Isso reflete a pressão sobre os preços das commodities, que afeta diretamente o valor do real em relação ao dólar.
Impacto da Economia Chinesa no Dólar
Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que a produção industrial do país asiático aumentou 5,4% em setembro em relação ao mesmo período do ano anterior, acima do aumento de 4,5% visto em agosto. O resultado superou a previsão de crescimento de 4,7% dos economistas. Já as vendas no varejo aumentaram 3,2% em termos anuais em setembro, em comparação com o aumento de 2,1% em agosto e o crescimento de 2,5% esperado pelos analistas.
O impulso do crescimento na economia chinesa melhorou em setembro, mas os desequilíbrios na economia e a pressão descendente sobre os preços persistem, aponta Sophie Altermatt, economista do banco suíço Julius Baer. ‘A economia chinesa ganhou algum impulso no terceiro trimestre, apoiada por um aumento da atividade econômica em setembro. No entanto, a produção está crescendo a um ritmo mais rápido do que o consumo doméstico, refletido em preços ao consumidor fracos’.
Riscos Fiscais e Impacto no Dólar
No Brasil, pesa o risco fiscal, indica Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas. ‘O mercado aguarda medidas concretas do governo, e não somente palavras. Algumas medidas que o governo dá como certeza para aumento de arrecadação, como a incorporação de valores esquecidos em contas bancárias, podem ser no futuro contestadas no judiciário. Muitas incertezas pairam no ar.’
Ontem (17), a moeda americana fechou perto da estabilidade, com leve queda de 0,08%, a R$ 5,659, ainda no maior nível em dois meses e meio. O dólar continua sendo uma moeda forte em relação ao real, e os riscos fiscais e a pressão sobre as commodities continuam a afetar o valor do real em relação ao dólar.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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