Foco em prevenir sofrimentos mentais no ambiente de trabalho, fornecendo ferramentas de intervenção e suporte emocional aos profissionais.
A saúde mental é cada vez mais valorizada e discutida em diversos países, diante do aumento dos casos de ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos. Esse cenário se intensificou com a pandemia de covid-19, que trouxe desafios adicionais para a saúde mental da população mundial. Neste contexto, a necessidade de profissionais capacitados para oferecer apoio emocional e cuidado mental tem se tornado urgente.
Nesta segunda-feira, 10, será lançado um curso online de Formação de Socorristas em saúde mental, visando preparar indivíduos para lidar com questões relacionadas ao bem-estar psicológico e apoio emocional. A iniciativa busca suprir a crescente demanda por suporte psicológico qualificado, contribuindo para a promoção de uma sociedade mais saudável e consciente da importância do cuidado mental.
A importância do cuidado mental e do apoio emocional na saúde mental
A iniciativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, situado em São Paulo, encontra-se em sua terceira edição e tem como foco profissionais que buscam adquirir conhecimentos para identificar e oferecer suporte em situações de conflito decorrentes de transtornos mentais. Pela primeira vez, profissionais individuais podem se inscrever.
Com uma duração de três semanas e carga horária de 16 horas, o curso proporciona treinamento para a prevenção do sofrimento mental em ambientes coletivos, familiares ou de trabalho. Desde sua criação em 2021, durante a pandemia, o curso já formou aproximadamente 150 socorristas de diversas empresas e do próprio hospital.
As aulas são ministradas por médicos do corpo clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e por especialistas convidados, abordando temas como sinais e sintomas de transtornos mentais, influência da alimentação e do estilo de vida na saúde emocional, e estratégias anti-burnout no ambiente de trabalho.
Essa iniciativa inovadora no país foi desenvolvida com base em um modelo de treinamento adotado na Austrália e no Canadá. O curso é dividido em quatro módulos, que englobam assuntos como sustentabilidade emocional, segurança psicológica e gestão de conflitos. O conteúdo programático inclui o impacto dos transtornos mentais, técnicas de intervenção e comunicação não violenta.
A necessidade de ações como essa é evidenciada por dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2023, que revelam que 63% dos brasileiros enfrentam ansiedade, 37% lidam com estresse severo e 59% apresentam quadros de depressão.
De acordo com um levantamento da consultoria Alvarez & Marsal, houve um aumento anual de 12 a 15% nos atendimentos de saúde no Brasil nos últimos quatro anos devido a transtornos mentais. Esses transtornos já são considerados a terceira principal causa de doença no país, após as doenças cardiovasculares e as oncológicas.
Paralelamente, observou-se uma redução de leitos psiquiátricos públicos na rede pública a partir de 2001, com a implementação da reforma psiquiátrica. Esse movimento abriu espaço para que o setor privado assumisse um papel mais significativo no cuidado da saúde mental.
Em 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) era responsável por 27.200 leitos psiquiátricos no Brasil, o equivalente a 63,3%. Em 2023, esse número caiu para 23.600, representando 54,3%, enquanto os outros 45,7% são administrados pela iniciativa privada, que criou mais 3.500 leitos nesse período de seis anos.
As projeções de mercado de 2022 para 2030 indicam um aumento de 11% nas consultas psiquiátricas ambulatoriais oferecidas por operadoras de saúde. Assim, iniciativas como a do Hospital Alemão Oswaldo Cruz parecem cada vez mais essenciais para promover a saúde mental e o bem-estar psicológico da população.
Fonte: @ Veja Abril
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